Resenha: Pitty - SeteVidas

Pitty alia maturidade e explosão juvenil em mais um ótimo álbum. Me impressiona o fato de que ela e sua banda não baixem o seu excelente nível. É o quarto álbum de estúdio. E todos são realmente muito bons. É até difícil compará-los, uma vez que cada um possui seus encantos muito particulares. Este novo, "Setevidas", guarda a mesma atmosfera sombria e tensa do anterior, mas possui vida própria. Talvez sete, vá lá. Tem seus pontos baixos, sim. Mas os pontos altos compensam com alguma sobra. Abaixo, deixo minhas breves impressões sobre cada uma das dez faixas.

1. Pouco: A música começa com uma pegada bem interessante, até ser tomada por incômodos e irritantes gritinhos e sussurros de "é pouco", e "tão pouco", que só não estragam totalmente a canção porque o final mais acelerado dá um toque de fúria genuína bastante agradável para fechar a faixa (https://www.youtube.com/watch?v=-9EKA4hvM2s).

2. Deixa ela entrar: Bom rock'n'roll: letra bacaninha, um solo de guitarra breve, mas marcante, e um ritmo que faz o ouvinte se mexer, mesmo que involuntariamente, e vai crescendo, levando a um refrão mediano, que poderia oferecer um pouco mais (https://www.youtube.com/watch?v=4uX3BVLTjLM).

3. Pequena morte: A faixa mais fraca do disco. Sua ausência não faria o álbum perder absolutamente nada. Música legalzinha para se ouvir enquanto se coloca a camisinha. E só (https://www.youtube.com/watch?v=SNy50z1NGBc).

4. Um leão: Música com a assinatura da Pitty, tendo o ponto alto nos seus 2 minutos, com uma deliciosa transição para a estrofe subsequente. O refrão tem melodia previsível, mas é muito bem interpretado (https://www.youtube.com/watch?v=fUSrocn3o_I).

5. Lado de lá: É aqui que o álbum começa a crescer de verdade. Minha música favorita deste disco, pelo menos num primeiro momento. Canção com a força e a grandiosidade que a última faixa talvez pretendesse ter, mas não consegue. É melancólica, poética, sombria. Traz na sua tristeza e angústia uma beleza ímpar. Uma das melhores canções da história de Pitty e sua banda (https://www.youtube.com/watch?v=BJ7nUE5YcfU).

6. Olho calmo: Ótima canção, alia a doçura das estrofes com um belo e libertador refrão, explosivo na medida exata para formar um belo contraste com o restante da música. A voz de Priscilla Leone está especialmente bonita nessa faixa (https://www.youtube.com/watch?v=Cv282pioZno).

7. Boca aberta: Possui uma atmosfera tensa e excelente letra, mas tem um prejuízo praticamente irreparável provocado por um refrão que deixa muito a desejar, parecendo meio mal encaixado no resto da música (https://www.youtube.com/watch?v=lddhA3HitVs).

8. A massa: A letra mais legal e arrojada do álbum. Extremamente sagaz, extremamente inteligente. Traz, ainda, uma interpretação inesquecível da Pitty. Faixa muito bacana, ótimas estrofes, refrão muito agradável, desses que despertam uma vontade incontrolável de sair cantando junto (https://www.youtube.com/watch?v=sF3DnoNQmDg). 

9. Setevidas: Primeiro single, que leva o mesmo nome do álbum. Um hino para aqueles dias em que você resolve levantar da cama, secar as lágrimas, jogar tudo que não serve no lixo e sair para a rua para mudar tudo para melhor. Música absolutamente contagiante (https://www.youtube.com/watch?v=6qpV_KiB3Gg).

10. Serpente: Música que tenta dar um caráter de grandiosidade para o fim do álbum, porém, não convence. É uma pena, porque a letra não é ruim. Mas músicas com "ô ô ô" caem muito fácil na armadilha de se tornarem clichê. Ficou com jeito de campanha da Coca-Cola em época de Copa do Mundo. O álbum merecia um desfecho melhor e mais cru (https://www.youtube.com/watch?v=8NOVRObwZFA).